A Coruja de Monte Suntria

Suntria é uma das denominações de Sintra...O Monte da Lua ...a coruja...sou eu!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

DA ROBOPATOLOGIA À ILUMINAÇÃO

DA ROBOPATOLOGIA À ILUMINAÇÃO

O homem ainda não é homem. Ele pode ser, mas não é. O potencial está aí, mas o potencial tem de ser efetivado. Ele ainda não é uma realidade. Pelo nascimento, nós nascemos apenas para uma oportunidade de crescer. O nascimento em si não é vida. E a pessoa que pensa que, por nascer, já se tornou um homem, está enganando a si mesma.
Esse é o pecado original. Esse é o único pecado quer existe - pensar que você já é aquilo que você pode ser.

A vida tem de ser descoberta, criada, realizada. Se você não a realiza, você permanece mais ou menos como uma máquina. Esse é um dos princípios básicos do sufismo: que o homem, como ele existe, é uma máquina.

A máquina tem se iludido acreditando que é consciente. A consciência é uma promessa, mas a pessoa tem de explorá-la. É uma tarefa. A consciência é uma possibilidade, mas você pode perdê-la. Não a tome por certa. Ainda não é uma realidade. Você é uma semente para ela, mas você tem de crescer para dentro dela. Uma semente pode permanecer uma semente e pode nunca se tornar uma árvore, pode nunca se tornar capaz de desabrochar, pode nunca ser capaz de liberar sua fragrância ao mundo, pode nunca ser capaz de oferecer-se ao divino. Essa possibilidade também existe. E lembre-se sempre que muitos perdem; apenas poucos chegam.
Isto cria uma ansiedade - de que o homem é uma promessa, de que o homem é uma aventura, de que o homem ainda não é. Isso cria ansiedade no tipo errado de pessoa, mas cria alegria no tipo certo de pessoa.
A quem eu chamo tipo certo e a quem eu chamo tipo errado de pessoa? O covarde é o tipo errado. No covarde isso cria ansiedade. Diante da idéia de se lançar numa aventura, numa peregrinação ao desconhecido, o covarde se encolhe. Ele pára de respirar. Seu coração não bate mais. Ele se torna surdo como uma pedra a esse chamado, a esse desafio. Esse desafio se torna um inimigo. Ele se torna defensivo contra ele.
E ao corajoso eu chamo tipo certo de pessoa. Para ele, isso não é ansiedade, é excitação, é aventura. Deus o chamou. Ele começa a se mover, começa a procurar e a buscar. Se você procura, há uma possibilidade de encontrar; se você não procura, não há nenhuma possibilidade. Se você começa a se mover, então mais dia menos dia você alcança o oceano, como todos os rios o fazem. Mas se você se tornou muito, muito medroso do movimento, do dinamismo, da vida, da mudança, então você se torna uma pequena lagoa. Pouco a pouco você morre. Você se torna cada vez mais sujo, tedioso, antiquado, estagnado. Então a sua vida também é doentia. Sua vida toda é uma patologia. E muitos - a maioria - vivem numa espécie de patologia.

Um pensador moderno, Lewis Yablonsky, cunhou a palavra certa para essa patologia - ele a chama de "robopatologia". Ao homem que sofre disso, ele chama "robopata". "Robô" quer dizer máquina, autômato; alguém que vive um tipo de vida mecânica, um tipo de vida repetitivo; alguém que não tem nenhuma aventura, alguém que simplesmente continua se arrastando. Ele satisfaz as exigências do dia-a-dia, mas nunca satisfaz a exigência eterna, o desafio eterno.
Ele irá ao escritório, à fábrica, ele virá para casa, cuidará dos filhos e da esposa, e fará mil e uma coisas - e as fará muito eficientemente - mas ele nunca estará vivo, você nunca encontrará vivacidade nele. Ele viverá como se já estivesse morto.

Os Sufis dizem que o homem está dormindo. Os Sufis dizem que o homem está morto. Os Sufis dizem que o homem ainda não é. Os Sufis dizem que o homem apenas acredita que é, mas essa crença é uma espécie de sonho.

Algumas coisas... Um robopata é uma pessoa cuja patologia implica comportamento e existência de robô. Ele é um homem apenas por causa do nome. Ele poderia ter sido um computador. Ele pode ser. Um robopata é um humano que funciona insensivelmente, mecanicamente - para resumir, de uma maneira morta.

Quando você começa a aprender a dirigir, você tem de estar presente por alguns dias. Por isso é que é tão problemático aprender qualquer coisa - porque, para aprender qualquer coisa, você tem de sair do seu sono pelo menos um pouquinho. Caso contrário, como irá aprender?
Os robopatas nunca estão interessados em coisas novas. Uma vez que tenham aprendido algumas coisas, eles continuam a se mover naquele círculo vicioso. Toda manhã é igual, toda noite é igual. Toda vez que eles comem, conversam ou fazem amor, é a mesma coisa. Eles, de modo algum, são necessários ali. Eles não fazem nada através da consciência, eles continuam a fazer gestos vazios. Eis por que há tanto tédio na vida. Como você pode ser vibrante, repetindo o velho constantemente? Essa é a primeira característica - o sono.

A segunda característica é o sonhar - parte do sono. Um robopata sonha continuamente - não somente à noite, mas durante o dia também. Ele tem devaneios, fantasias. Mesmo quando está fazendo algo, no fundo ele está sonhando. Você pode encontrar isso a qualquer hora. Feche os olhos a qualquer momento, olhe para dentro e você encontrará um sonho se desenrolando. Ele está lá constantemente.
E a terceira característica é o ritualismo. Um robopata permanece em rituais, ele nunca faz nada através do coração. Ele dirá "oi" porque tem de dizê-lo ou porque ele tem dito sempre. Seu "oi" não terá, em si, nenhum coração. Ele beijará e abraçará a mulher, mas será apenas a repetição de um gesto vazio. Não há nenhum beijo no seu beijo. Ele abraçará alguém, mas apenas sua pele e seus ossos tocarão - ele permanecerá distante como sempre. Ele não está lá. Você pode estar certo de uma coisa - ele não está lá.
Mas os robopatas são grandes ritualistas. Eles dependem do ritual. Eles fazem tudo como deveria ser feito.
Um ritual, pela sua própria natureza, é não-criativo. Uma pessoa ritualística nunca é espontânea, ela não tem condições de ser espontânea. Se você quiser ser espontâneo, você terá de estar alerta. A espontaneidade tem um ingrediente indispensável: a vigilância. Se você não está alerta, você não pode ser espontâneo.

Só muito raramente, lá uma vez ou outra, é que uma pessoa cria algo - e nesses momentos, quando a criatividade está presente, há satisfação espiritual. Eis por que a criatividade traz tanta alegria. Uma pessoa criativa é uma pessoa feliz; uma pessoa não-criativa é uma pessoa miserável.

Muitas pessoas vêm a mim e me perguntam como ser feliz, onde encontrar a felicidade. Elas não podem encontrá-la, a menos que se tornem criativas. A felicidade não pode acontecer a elas, ela acontece apenas às almas criativas. Torne-se mais espontâneo. Abandone as repetições. Deixe cada manhã ser uma nova manhã e deixe cada experiência ser uma nova experiência. Não pense que tudo é velho. Os robopatas pensam que não há nada de novo sob o sol - é sempre a mesma coisa, então por que se incomodar?
Em vez de viver a vida, um robopata cria um ritual. Por exemplo, se ele ora, ora como um ritual. Ele aprendeu determinada oração, então ela a repete. Ele vai à igreja, ele aprendeu um ritual.
Eles continuam a lutar, a debater sobre de quem é o melhor ritual. Todos os rituais são apenas rituais; não há nenhuma dúvida quanto a um ritual ser bom ou ruim. O ritual em si é ruim, feio. A espontaneidade é boa, o ritualismo é ruim.
É por isso que as pessoas adoram resolver quebra-cabeças, palavras cruzadas e coisas assim.Resolver palavras cruzadas lhe dá a sensação de estar solucionando alguma coisa. É estúpido. Nada é solucionado com a resolução de palavras cruzadas. Sua vida permanece sem solução, complicada e confusa com sempre, mas, pelo menos, isto lhe dá a sensação de que você foi capaz de resolver algo. Caso contrário, não há nenhuma necessidade. A vida é como um grande quebra-cabeças, se você quer resolvê-lo, resolva-o. Por que criar problemas e enigmas pequenos, minúsculos e insignificantes e depois resolvê-los?
Eles lhe dão uma sensação agradável. Eles o fazem evitar a vida. Ávida é grande e perigosa demais. Resolver palavras cruzadas não traz perigo. Se você as resolve, muito bem. Se não as resolves, nada há de errado.
As pessoas continuam assistir à vida de outras pessoas. Elas vão a um cinema para ver outras pessoas se amarem; vão para ver uma dança, outras pessoas dançando; vão para ver luta livre, outras pessoas lutando. As pessoas tornaram-se espectadoras. Isso lhe dá uma falsa sensação, como se ela fizessem parte da dança ou parte do romance que está acontecendo. E elas continuam apenas assistindo, espectadoras, mortas e entediadas. Suas vidas é nada. E se você olhar para suas vidas, você as encontrará repetindo os mesmos movimentos várias vezes. E os pornógrafos e as pessoas que estão obcecadas pela pornografia não são diferentes das pessoas que vão à igreja. É a mesma coisa. Se Jesus real estiver aí, você o matará; e se um Jesus morto estiver aí, você o idolatrará. Isso é pornografia, pornografia espiritual. As pessoas idolatram o morto e evitam o vivo - porque com o vivo você tem de se tornar vivo, esse é o problema. Com o morto você está perfeitamente; você também está morto, há uma comunhão entre morto e o morto. Com o vivo você começa a sentir-se culpado, com o vivo você começa a sentir que está perdendo, com o vivo você começa a sentir-se enciumado. Com o vivo você começa a sentir que tem de fazer algo novo – e você não quer fazer isso. De alguma forma, você quer matar o tempo, passar o tempo. As pessoas estão passando o tempo.

E as pessoas estão muito interessadas em rituais. Um rezador verdadeiro vai para dentro; um rezador ritualista está apenas fazendo um trabalho labial. Colocar-se diante de um Mestre real, é colocar-se diante da morte e diante da vida ambas estão juntas. Idolatrar um Mestre morto um Jesus, um Buda – não requer nada de você. Você pode curvar-se aos pés de uma imagem, mas permanece o mesmo. Curvando-se aos pés de um Mestre de verdade, seu ego tem de ser colocado de lado. Seu ego criará mil e uma dificuldades para você se curvar e se entregar. Eis por que as pessoas se tornam cristãs, hindus, maometanas - tudo isso é ritual. E é assim que continua durante toda sua vida.

Um robopata é muito dogmático. Ele sempre simulando que estar certo sobre tudo. Ele não pode permitir a dúvida. A dúvida cria o temor. Ele acredita, ele nunca suspeita - porque se você duvida, você tem de perguntar. E quem sabe aonde a sua dúvida o levará? É por isso que você vê tantos crentes no mundo e nenhuma religião. Tantos crentes?Todos parecem ser crentes – acreditando em seu cristianismo, em seu maometismo, em seu hinduísmo.Todo mundo é crente. E o mundo é totalmente irreligioso - qual é o problema? Com tantos crentes, o mundo deveria estar florescendo na religião. Mas crença não é confiança, não é fé; é puro dogmatismo. É simplesmente um esforço para esmagar a dúvida, para reprimir a dúvida. Se você conversar com um robopata, você terá de estar muito alerta; você não deve tocar na sua crença senão ele fica furioso. Ele não fica furioso com você. Ele simplesmente se torna medroso – você está tirando o chão de sob seus pés. Ele tem acreditado que sabe e agora você está aqui para perturbá-lo. As pessoas não gostam de ser perturbadas. Isso cria ansiedade. Um robopata é sempre orientado pelo passado ou pelo futuro. Ele nunca está no presente. O passado é bom porque você não pode fazer nada com ele. O passado está acabado e completo. O robopata se sente muito à vontade com o passado. O passado está morto, coisas aconteceram, agora não há como mudá-las e alterá-las. Com o passado, o robopata se sente em sintonia; com o futuro, ele pode desejar e ter esperança – mas com o presente ele se sente desconfortável, se sente muito inquieto. O presente traz muitos problemas.

Osho
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