Favo de mel e abelhas |
Cristina Pereira
A Apiterapia é uma ciência tão antiga como a própria história do Homem, consistindo na aplicação dos produtos da colmeia no tratamento e manutenção da saúde humana.
O complexo mundo das abelhas, exerceu desde sempre um grande fascínio sobre o Homem. Pinturas rupestres, datadas do período Pleistocénico comprovam este mesmo interesse, retratando o Homem como recolector e consumidor de mel.
A utilização dos produtos da colmeia no tratamento de doenças e infecções diversas parece ser, também, bastante antiga. De facto, alguns testemunhos credíveis falam do uso do pólen como estimulante sexual por sacerdotes assírios, 3000 A.C. Na Índia, no Zimbabué e no Antigo Egipto também se podem encontrar exemplos desta utilização.
No início da era cristã vários escritos gregos e romanos falam sobre os poderes curativos e cicatrizantes da própolis. Os vários tratados médicos, do século XII ao século XV, mencionam o uso medicinal do mel, da cera e da própolis.
Na época contemporânea e nos países ocidentais o valor da apiterapia decaíu, e é apenas a partir da segunda metade da década de 50 que, nos países da antiga União Soviética, começam a aparecer alguns medicamentos elaborados à base de produtos apícolas, principalmente geleia real.
A Apiterapia tem suscitado um crescente interesse por parte do público consumidor (mercê do desenvolvimento da fitoterapia), público esse que está disposto a pagar um preço mais elevado por produtos de primeira qualidade e no seu estado natural.
MEL
A composição química do mel depende de vários factores, dos quais se salientam: a espécie de abelhas, tipo de solo e de flora e o estado fisiológico da colónia.
De um modo geral podemos dizer que o mel é constituído por três componentes essenciais: água (17%), glúcidos (80%) e substâncias diversas (3%), como aminoácidos, proteínas, enzimas, ácidos orgânicos e matérias minerais .
A cor do mel reflecte a sua composição, sendo tanto mais escuro quanto maior é o teor de substâncias minerais presentes.
Alguns dos produtos utilizados pelo Homem no combate a agentes causadores de doenças nas abelhas, podem contaminar o mel. O uso destes medicamentos, pela sua acção profiláctica e estimulante da vida da colónia, provoca antibiorresistências, exigindo o emprego de doses sempre maiores de fármaco, aumentando progressivamente os riscos de poluição do mel pelos seus resíduos. Outro problema que convém frisar é a poluição do mel por pesticidas. De um modo geral, a concentração encontrada não parece constituir riscos para a saúde humana.
Propriedades terapêuticas do mel:
O mel é fundamentalmente reconhecido como elemento energético, devido à sua composição em açúcares simples, facilmente absorvidos e transformados em energia pelo nosso organismo. A elevada concentração de açúcares presentes no mel, conjuntamente com a sua acidez, inibem a proliferação de agentes patogénicos. Assim, é-lhe reconhecido êxito no tratamento de: queimaduras, úlceras e feridas de difícil cicatrização, onde exerce a sua acção analgésica, anti-inflamatória e estimulante da reprodução celular.
A presença conjunta do cálcio, fósforo e magnésio fortalece a consistência óssea e favorece a tonificação muscular. O ferro em combinação com outros elementos, normaliza a composição sanguínea, enquanto que o potássio é responsável pela regularização do sistema vascular.
As enzimas presentes no mel estimulam o processo digestivo e têm acção benéfica em múltiplos processos metabólicos, no nosso organismo.
O mel pode ainda ser utilizado na profilaxia e terapia da gripe, pois torna o organismo mais resistente às infecções causadas por bactérias e vírus. Possui também poder anti-séptico e bacteriostático, inibindo o crescimento e desenvolvimento das bactérias.
Investigações recentes revelaram que diversos elementos constituintes do mel e da própolis têm propriedades anti-cancerígenas, apesar de não se saber como actuam no combate e destruição das células cancerígenas já existentes.
O mel pode ser administrado:
a) por via oral, curando ou reduzindo os transtornos intestinais, as úlceras do estômago, as insónias, males da garganta e certas afecções cardíacas;
b) em uso externo, cura queimaduras, feridas e afecções rinofaríngeas, graças à inhibina que lhe confere propriedades bactericidas;
c) em injecção intravenosa, onde o mel é preparado especialmente com o objectivo de combate à icterícia e desregulações na eliminação de urina.
É importante na alimentação infantil, pois facilita a retenção do cálcio, activa a ossificação e saída dos dentes e é ligeiramente laxante. No entanto, em pessoas sensíveis pode provocar urticária.
ALGUMAS PROPRIEDADES DOS MÉIS MONOFLORAIS
Mel de cidreira
Efeitos calmantes no geral. Acção antiespasmódica, adstringente e soporífera.
Mel de urze
Propriedades antirreumáticas, diuréticas e de protecção contra os cálculos biliares.
Mel de eucalipto
Indicado nas afecções das vias respiratórias. Tem também efeitos balsâmicos.
Mel de alecrim
Efeitos benéficos no reumatismo, gota, cirrose, epilepsia, vertigens e síncopes.
Mel de azinheira
Propriedades antiasmáticas, contra afecções nos brônquios e nos pulmões.
De tudo o que foi referido anteriormente, é importante reter que o mel, sendo um alimento natural com um largo espectro de aplicações, deve ser mantido o mais puro possível, o que significa que, devem ser evitadas quaisquer acções que levem à introdução na sua composição, de substâncias que possam diminuir e/ou alterar as suas propriedades energéticas e mesmo farmacológicas.
http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=139&iLingua=1
Geleia real: Alimento de Rainhas
Neste artigo falamos da geleia real, substância produzida pelas obreiras para alimentar a rainha e de reconhecido valor terapêutico em casos de stress e depressão.
Cristina Pereira
A geleia real é um produto segregado pelas glândulas hipofaríngeas das obreiras e serve de alimento à abelha rainha durante toda a sua vida, larvar e adulta. Pode ser descrita como uma substância cremosa, de aspecto leitoso, fortemente ácida (pH=3.6), com um leve odor pungente e gosto amargo.
É constituída por cerca de 65-70% de água, 4.5-5% de gorduras, cerca de 1% de cinzas, 11-14% de proteínas e 11-16% de hidratos de carbono. A geleia real é caracterizada pela sua riqueza em vitaminas, especialmente o ácido pantoténico-vit B5. Tem um factor antibiótico (ácido 10-hidroxidecenóico), diferente do do pólen, activo contra várias bactérias e fungos.
PROPRIEDADES TERAPEUTICAS DA GELEIA REAL
larvas de abelha rainha com geleia real |
O uso de geleia real em apiterapia e cosmética é muito diverso. Constitui um importante ingrediente de muitos produtos cosméticos. Considera-se que a acção benéfica que esta exerce sobre a pele se deve às vitaminas que contém, sobretudo ao ácido pantoténico e às hormonas.
A sua absorção dérmica estimula o metabolismo celular, diminui a secura e os edemas, activa a circulação periférica e aumenta a renovação do oxigénio celular; normaliza o funcionamento das glândulas sudoríporas e sebáceas e activa a formação e conservação do colagénio.
Estudos científicos, mostraram que a geleia real regulariza o metabolismo, exerce uma acção diurética, aumenta a resistência do organismo às infecções, enriquece a composição sanguínea, regulariza o funcionamento das glândulas endócrinas e utiliza-se com sucesso em caso de arterioesclerose e insuficiência coronária.
Alguns estudos apontam para a existência de hormonas sexuais na geleia real. Injecções de substâncias do extracto de geleia real a ratos (fêmeas) durante cinco dias, provocaram um aumento do peso dos animais e a intensificação da actividade folicular dos ovários. Assim, a geleia real parece exercer uma acção positiva sobre as astenias sexuais.
O uso de geleia real é também aconselhado em casos de fadiga, stress e depressão, pois permite uma recuperação das forças, um aumento do apetite, alegria e uma sensação de euforia.
A sua aplicação parece sortir melhores efeitos nas crianças e nos idosos, não provocando alergia, habituação ou toxicidade. Tem também um efeito positivo nos distúrbios provocados pela menopausa.
CONSERVAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DA GELEIA REAL
A geleia real pode ser conservada pura, misturada com mel ou liofilizada. No entanto, devido à sua composição, a geleia real é dificilmente conservada, sendo afectada pelo oxigénio do ar e pela luz. Quanto maior for a temperatura, maiores parecem ser as transformações nefastas. A geleia real pura deve ser guardada em frascos de vidro escuro, ou em recipientes de plástico opacos, hermeticamente fechados, a uma temperatura que ronde os 0ºC. O uso de recipientes de metal não é aconselhado pois os ácidos presentes na geleia real atacam o metal.
No estrangeiro, a geleia real é frequentemente administrada em injecções subcutâneas e intramusculares e por via oral (misturada neste caso com mel e pólen). A via oral não parece ser a mais adequada,uma vez que, o pH do suco gástrico pode tornar inactivas as propriedades curativas da geleia real. Assim, a absorção sublingual, na qual uma pequena porção de geleia real é depositada sob a língua, parece ser a mais eficaz; há uma rápida absorção pela corrente sanguínea, sem passagem pelo estômago.
Mais recentemente foi introduzida no mercado a geleia real em ampolas bebíveis, as quais têm obtido grande sucesso, devido à sua facilidade de toma, melhor sabor e fácil conservação. Esta forma líquida permite a incorporação de infusões e extractos de plantas medicinais que complementam as múltiplas acções da geleia real.
As doses diárias aconselhadas variam entre 5 a 100mg de geleia real pura ou misturada com mel e 500-800mg de geleia real pura.
Um tratamento de manutenção utiliza 200mg de geleia real por 125g de mel, enquanto um tratamento de choque usa 1g geleia real por 125g de mel.
http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=1683&iLingua=1
Própolis
Pontes de propolis à entrada da colmeia |
Sabe o que é a própolis? Trata-se de uma substância resinosa que as abelhas recolhem de algumas plantas. É dos produtos da colmeia o que inclui maior campo de aplicações terapêuticas.
Cristina Pereira
A própolis é um produto resinoso que as abelhas recolhem de certas partes da planta, especialmente dos gomos florais e foliares. Usam-na para tapar buracos e fendas existentes na colmeia, para revestir o interior das "células de cria", para estabilizar a temperatura e humidade da colmeia e para mumificar cadáveres.
A cor da própolis é variável consoante a proveniência, e vai desde o amarelo claro ao castanho escuro, quase preto. O sabor é normalmente acre. O odor também varia com a origem.
A composição química da própolis é muito complexa, e, varia de amostra para amostra. Em termos médios tem 30% cera, 55% de resinas e bálsamos, 10% de óleos voláteis e 5% de pólen.
Como é sensível à luz, deve ser conservada em frascos de vidro opacos e em local fresco.
PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS DA PRÓPOLIS
No campo da apiterapia este é o produto que reune as principais propriedades farmacológicas, com alto valor terapêutico, largo campo de actividade e maior eficácia nos tratamentos clínicos pesquisados.
Algumas das substâncias presentes na própolis têm acção bacteriostática e bactericida. O ácido felúrico, recentemente detectado na sua composição, tem uma notável acção bactericida sobre os microorganismos gram-negativos. É ainda de assinalar a presença de ácido caféeico, dotado de acção antifúngica.
Desde sempre que a própolis foi usada como cicatrizante, sob a forma de pomada, graças à sua notável capacidade de estímulo da regeneração dos tecidos, em caso de feridas e chagas. Assim, é recomendada a sua aplicação no tratamento de psoríase e de herpes zona. Em se tratando de psoríase a ingestão duma solução aquosa à base de própolis é também comum.
A inalação de própolis ou a administração em xarope com mel, em situações de rinofaringite e em outras afecções das vias respiratórias parece ter uma acção benéfica. Também nas laringites e faringites o seu poder curativo é notável.
A própolis tem uma grande aplicação em odontologia, pelo notável efeito que exerce nos casos de inflamação das gengivas e do céu da boca, especialmente se for aplicada em solução alcoólica ou mastigada em bruto. Melhora rapidamente as gengivites e possui poder anestésico.
A presença de ácidos gordos insaturados e de zinco, magnésio e potássio na própolis, contribuem para diminuir a fragilidade capilar e controlar a tensão arterial sistólica e diastólica.
Estudos efectuados por cientistas russos, mostram que a fracção hidrossolúvel da própolis parece ter uma acção de inibição da replicação viral e aumento da resistência às infecções virais. Outros estudos levados a cabo por este grupo de cientistas, em ratos, apontam para um aumento das defesas do organismo hospedeiro a bactérias e a fungos.
Em cosmética, a própolis pode ser incorporada em preparados para aplicação tónica, de modo a combater as infecções da pele.
COMERCIALIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DA PRÓPOLIS
A própolis em pó puro existe no mercado da especialidade em:
- cápsulas
- carteiras de alumínio com 10g própolis em pó
- cápsulas de própolis em pó+pólen liofilizado
- cápsulas de própolis em pó+geleia real liofilizada
- própolis para mascar
O paladar desagradável da própolis, leva a que seja administrado preferencialmente através de cápsulas, especialmente no tratamento de infecções das vias digestivas e urinárias.
A própolis pode ainda ser utilizada na forma de xarope, mais indicada para o tratamento das infecções das vias respiratórias.
Em cosmética a própolis é incorporada em preparados de aplicação tónica.
TOXICIDADE E ALERGIA
São de assinalar algumas reacções alérgicas, devidas à própolis, mais frequentes no caso de pessoas tendencialmente alérgicas. Estas reacções, parecem estar relacionadas com a forte presença de alergénios nas resinas das plantas das quais as abelhas trazem a própolis. Se o tratamento for prolongado ou a dosagem for elevada os riscos aumentam, podendo provocar diarreias ou irritações da cavidade oral. Nestes casos, deve-se parar imediatamente o tratamento.
ALGUMAS "MÉZINHAS"
After-shave de Própolis
Extracto de própolis.........5%
Alcoól etílico a 80%.........60%
Óleo de rícino...............3%
Óleo de essências............0.5%
Sabão de Própolis e Mel
Própolis.....................3.5%
Mel..........................2%
Sabão rosa ou azul...........90%
Óleo de essências............0.5%
Água destilada...............2.5%
Unguento de Própolis
Extracto de própolis a 20%...10%
Cera de abelhas..............5%
Lanolina.....................10%
Banha........................75%
Nota: primeiro derretem-se em banho maria a cera e a banha e depois acrescenta-se a lanolina e o própolis.
http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=1645&iLingua=1
O Pólen
O pólen é o elemento masculino da fecundação das flores. As suas aplicações na farmacologia, alimentação humana e cosmética são inúmeras.
Cristina Pereira e António Mantas
O pólen é um importante elemento da rentabilidade de uma colmeia. As suas aplicações, para além do importante papel na fecundação das flores e na alimentação das abelhas, são múltiplas como seja em farmacologia, na alimentação humana e em cosmética.
O pólen é o elemento masculino da fecundação das flores. A sua união ao gâmeta feminino dá lugar à formação do fruto e de sementes. É um pó muito fino que as abelhas recolhem e transformam em grãos transportando-o para a colmeia. Tem uma coloração e forma que depende da planta onde é obtido, podendo ser amarelo ou acastanhado, branco, violeta ou negro e arredondado, poliédrico, globular, etc.
Com o pólen, água, néctar e saliva delas próprias, as abelhas formam uma pasta que serve de alimento às larvas durante a fase final do período de desenvolvimento e também às abelhas jovens. Sem esta mistura as abelhas novas não produzem a geleia real, produto de elevado teor proteíco, que alimenta as larvas nos três primeiros dos seis dias de desenvolvimento e as abelhas rainha durante todo o seu período de vida.
Enquanto polinizadoras, as abelhas têm uma importante função ecológica e económica, uma vez que a sua intervenção no processo de polinização o torna mais eficaz que a de outros insectos ou do vento. Há culturas em que a introdução de colmeias na época de floração induz produtividades acrescidas de 20 ou 30 %.
O pólen tem um elevado valor nutritivo com uma composição aproximada de 40% de hidratos de carbono, 35% de proteínas, 5% de água, 5% de lípidos e 5 a 15% de outras substâncias. Na sua composição entram inúmeros aminoácidos (histidina, leucina, isoleucina, triptófano, valina, lisina e alguns outros) e algumas vitaminas do complexo A, B, C, D e K. O pólen contém ainda substâncias antibióticas, activas sobre todas as espécies de Colibacilos e certas espécies de Proteus e Salmonellas.
PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS DO PÓLEN
O pólen é uma substância rica em aminoácidos e minerais. Importante também é o seu teor em hidratos de carbono, que o tornam um alimento energético, enquanto que as suas vitaminas e minerais são estimulantes das defesas do organismo.
O pólen tem uma acção reguladora das funções intestinais, ao nível de diarreias crónicas com origem interna e resistentes aos antibióticos.
É um dos poucos elementos naturais ricos em vitamina P que, fortalece e dilata os vasos capilares do sistema vascular sanguíneo, ajudando o sistema circulatório em geral (juntamente com a vitamina C) e, em particular, o sistema cardiovascular. Deste modo, contribui para desencadear uma estimulante sensação de euforia, sendo particularmente efectivo em crianças, estudantes, idosos e convalescentes.
No caso de crianças anémicas, o pólen provoca uma rápida elevação da taxa de hemoglobina no sangue.
A presença de enzimas dotam-no de uma grande capacidade de estimulação do metabolismo celular, enquanto que, a presença de ácidos gordos insaturados e oxirredutores, impede a formação de placas de colesterol.
O pólen possui propriedades desintoxicantes, pelo que pode ser empregue como coadjuvante nos tratamentos antialérgicos. É hoje componente importante de vigorizantes, anti-anorréxicos e anti-inflamatórios.
Em cosmética é utilizado puro ou associado a outros produtos (apícolas ou não), no fabrico de cremes e loções para a pele e cabelo.
Assim, o pólen pode ser utilizado em casos de fadiga física e psíquica, estados depressivos, transtornos intestinais, perda de apetite, anemias, hipertensão e arteriosclerose cerebral. Podemos dizer que, o pólen tonifica, estimula, reequilibra e desintoxica.
http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=1742&iLingua=1
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